terça-feira, 26 de setembro de 2023

relatos brasileiros

 RELATO 1:

"Trabalho em uma clínica com plano de saúde em Curitiba, com carga horária de 40 horas semanais. Os atendimentos não passam de 30 reais, sentade em cadeiras ou tatame 8 horas por dia, em sala pequena e sem ventilação.

Depois de 4 horas nessas condições, com crianças apresentando auto agressão e hetero agressão, gritos, choro, um paciente atrás do outro sem tempo de descanso, sem tempo de ir ao banheiro ou tomar água, a exaustão vem (as vezes até antes). O que sobra para os próximos atendimentos?

A qualidade cai, o terapeuta não tem motivação, a saúde mental vai ficando cada vez pior e o que antes você amava fazer, vai se tornando tortura."


RELATO 2:

"Adorei a ideia do perfil! Cogitei diversas vezes abandonar minha profissão! Precisei de muita terapia para ver que o problema estava com o Burnout que desenvolvi trabalhando com o atual modelo das clínicas , hoje abri meu consultório demorei muito pra acreditar que podia andar com minhas próprias pernas e não precisava me submeter ao modelo doentio de mercantilização de terapias!

Que não favorece nem aos próprios pacientes!"


RELATO 3

"Trabalhei em clínicas com crianças durante alguns anos, e eu adorava o que fazia. Parei por conta das péssimas condições de trabalho e das consequências que isso deixou na minha saúde física e mental. Em uma das clínicas, trabalhava 9h por dia, só com intervalo para almoço. Segurar banheiro por não ter gente livre pra cuidar das crianças era rotina. Atender na beira do um colapso nervoso também. Tive crises de ansiedade e problemas posturais que tenho que tratar até hoje. Além das condições de trabalho, as relações trabalhistas eram sufocantes. Mesmo em um trabalho tão importante, já tive que contar moedas para comprar comida por conta de cortes exorbitantes no pagamento. O cenário é desolador: não era incomum (na verdade, era rotineiro) ver colegas chorando em sala depois de um atendimento difícil, já tendo que atender outra criança.

Em resposta aos pedidos de socorro, ameaças (as vezes veladas, as vezes em aberto). Qualquer tentativa de questionar era barrada o mais rápido possível.

Sinto falta das minhas crianças todos os dias. Mas o custo que me fizeram pagar pra atuar na minha profissão foi desumano."


RELATO 4

“Esses relatos relatam a minha vida, me identifiquei com todos. A minha terapeuta até já sabe qual vai ser o assunto da sessão toda semana. Estou esgotada emocionalmente e fisicamente. Esse não é o tipo de terapia que sonhei em oferecer quando me formei, não é essa a qualidade de atendimento que eu gostaria de dar. Mas é o que eu tenho no momento. Todo dia eu busco força de onde não tem e me questiono a todo momento se deveria abandonar tudo. Só o amor pela profissão não compensa.”


RELATO 5

"É muito triste tudo que cada um de nós precisa ou já precisou passar nesse sistema que suga o profissional e o trata como mão de obra barata. Sabemos que o valor da hora paga não cobre os custos do profissional com especializações que eles fingem ofertar aos pais/crianças. Cansei de receber salário atrasado, férias e 13º muito após o prazo determinado por lei, FGTS... O que é isso?

Apenas amor a profissão e aos pacientes não paga boleto, não põe comida na mesa. Um salário digno e condições ambientais favoráveis para desempenhar o que nos propomos a fazer seria o mínimo. Acervo de materiais sucateado, dividir com muitos terapeutas uma peça de brinquedo, falta de autonomia em processo terapêutico... O sistema das clínicas está doente e adoecendo seus prestadores de serviço."


RELATO 6

“Muito difícil ter que se apegar no amor a profissão e ter que lembrar todo dia da importância do trabalho que vc faz. A dinâmica de trabalho é terrível e os valores são piores ainda, ter que atender criança, fazer relatório e ainda orientar a família por 30 reais é surreal e o pior é que é muito difícil sair desse sistema até pq todas as clínicas estão entrando todas nessa mesma coisa.

A gente ama o que faz, mas é cansativo e desesperador”

RELATO 7

"Fico em partes aliviada em saber que não sou a única terapeuta em passar por isso e se sentir assim, mas fico extremamente triste por saber que profissionais tão comprometidos e excelentes estão passando por isso.

Trabalho em um clínica onde atendendo em média 12 pacientes por dia, com pausa apenas para o almoço, em uma sala sem janelas, pequena e cinza. Com muitas crianças agressivas, choro e tudo mais. Não pelas crianças, mas uma rotina dessa, com essas condições, me deixaram doente.

Estou com a síndrome de Burnout, choro em atendimentos e muitas vezes no domingo por saber que no dia seguinte voltarei a clínica.

Além do pagamento baixo, somos oprimidos no local de trabalho, recebemos constantes chamadas de atenção e fomos ""orientados"" a não falar as coisas que nos incomodam na clínica.

Não podemos almoçar na sala, não podemos ficar insatisfeitos, não podemos ficar doentes ou ter imprevistos (a clínica não gosta nem um pouco que o terapeuta falte, inclusive expõe no grupo).

Mas podemos sorrir e fingir que está tudo bem, podemos usar o tempo que temos para descansar em casa para participar de reuniões, receber msg no privado de chefe te esculachando, fazer relatório e PTS e não ganhar nada por isso, podemos gastar com alimentação, transporte e não reclamar do baixo repasse de valores por atendimento sendo apenas 1/3 do que a clínica recebe.

E se você finalmente criar coragem e forças para sair e pedir as contas, te coagirão, faram você se sentir errado por querer algo melhor?! E depois que fizerem todo esse abuso psicológico, contrataram pessoas que nem estarão formadas enganando pais e desmerecendo teu trabalho, colocando uma cereja nesse bolo amargo da nossa saúde mental."

RELATO 8

"Eu não aguento mais chorar toda semana no trabalho. Pelo cansaço, pela péssima condição de trabalho e por não estar conseguindo dar um atendimento de qualidade para os meus pacientes por toda situação."

RELATO 09

"Situações de uma clínica renomada em uma capital do Brasil. Os abusos todos já relatados aqui: plano de tto cobrado trimestralmente bem como devolutivas e avaliações que não poderiam ser pontuadas ou feitas no horário do paciente (e não poderiam ser cobradas do plano de saúde), reuniões extra turno que chegaram ao ridículo horário de meia noite, “reuniões” com 4 membros de coordenações, administrativos e proprietários para acuar profissionais, exposições gratuitas em grupos de WhatsApp, horário alucinante com 12 atendimentos dia com uma hora de pausa para o almoço, salas sem janelas que muitas vezes não tinham ar condicionado ou ainda que alagavam quando chovia. Ainda as cobranças pela realização de cursos de aperfeiçoamento sem aumento salarial, auxílio de custo e com descontos uma vez que o terapeuta deveria se ausentar para a realização (no nosso caso como autônomos) . Fico profundamente triste em saber que esta é a realidade de grande parte do profissionais da área da saúde que atendem em condições desumanas e recebendo uma remuneração tão baixa pelo serviço prestado. Como todos já disseram, amamos nossa profissão, mas amor não paga aluguel e está nos levando ao burnout ou depressão."

RELATO 10

"Já trabalhei em várias clínicas e em todas é sempre a mesma história que se repete, dinheiro acima de tudo.

Já vi colegas sofrendo abuso psicológico e assédio moral. As clínicas envolvem o terapeuta em uma situação onde não se pode reclamar de nada, oferecem salário baixo e exigem que vc dê conta dos pacientes com demandas severas sem apoio algum.

Já vi dona de clínica rindo dos terapeutas que sem experiência ou formação específica davam o melhor para dar conta das crianças.

Precisamos de condições de trabalho melhor, ou então a rotatividade de profissionais nunca vai parar.

Não é só o salário, são condições mínimas de um trabalho digno."

RELATO 11

"Primeiramente, é assustador ver o quanto estamos reféns desse sistema de clínicas.

Eu, sendo terapeuta ocupacional me vejo em outros dilemas também, além da questão de abuso psicológico, baixos salários e péssimas condições de trabalho, há a questão da exigência de cursos e especializações caríssimas. Eles não querem um terapeuta ocupacional (as vezes tenho a impressão que nem sabem de fato qual o nosso papel), eles querem aplicador aba, denver, um integrador sensorial ou que tenha um bobath, ser “apenas” TO não basta… mas obviamente não querem investir também, a gente que se vire pra cumprir as exigências deles. Retorno? São esses 30-36 reais aqui e não reclame.

É desgastante, desanimador, faz a gente literalmente perder todo o tesao pela nossa profissão.

E honestamente? Acho que só reclamar não basta, precisamos nos UNIR e de fato começar a não aceitar qualquer proposta, se impor, colocar o NOSSO preço. A maioria trabalha com esquema de prestador de serviço (PJ e RPA) mas colocam exigências de clt, é um absurdo. Eles não possuem nenhum tipo de “gasto”, nós prestamos serviços, pagamos nossos impostos e ainda precisamos estar 100% disponíveis. Chega gente, vamos mudar esse sistema JÁ! Sinto muito por todos nós. "

RELATO 12

"Já trabalhei em 3 clínicas em Curitiba. Todas no mesmo esquema de funcionamento. O profissional é mão de obra barata descartável e facilmente substituível. Os donos dessas clínica não estão preocupados com a alta rotatividade e nem com a qualidade do serviço oferecido. Os profissionais não são ouvidos, nem quando é sobre a necessidade da criança. Dá muito trabalho alterar a dinâmica de agenda e funcionamento interno pq a criança não dá conta de terapias seguidas, ou pq ela vai à clínica para um atendimento e mora longe, ou pq a criança ficará com uma longa janela... Os pais são enganados de que seus filhos estão tendo um ótimo tratamento, mas mal sabem eles que muitas vezes quem está atendendo as suas criancas, são profissionais sem diploma ou que não fazem ideia do que estão fazendo. Essas 3 clínicas que atuei são de grande porte, com um marketing nas redes maravilhoso, e com muitos seguidores. Após, essas minhas experiências, minha recomendação aos pais é procurarem atendimento particular, afinal é um jogo de sorte pra saber os seus filhos vao ser atendidos por um bom profissional. As vezes, tinha a sensação de que os donos achavam que estavam fazendo um favor me dando trabalho. Graças a Deus consegui sair desse meio doente e desumano."

RELATO 13

"Eu amo o meu trabalho! Alguns anos atuando nesse área que me trouxeram e ainda me trazem muita gratificação e realização profissional, contudo não há saúde mental que vá muito longe vivendo nessas condições escassas, carga horária pesada para poder ter uma remuneração mais ou menos ""decente"", sem contar as horas de trabalho que não são remuneradas, reuniões em horário de almoço, relatórios e planos de tratamento nos fds entre outros, ambientes insalubres e a falta de reconhecimento, fatores estes extremamente desmotivadores que prejudicam a imagem das clínicas que parecem não se preocupar enquanto o mais importante é o seu capital $$$

Sempre tentei me manter motivada para não perder o foco no processo terapêutico dos meus pacientes, porém é um desafio diário, já que além de todas as dificuldades ainda enfrentamos a rotatividade de terapeutas na equipe multidisciplinar da nossa criança, pois atualmente a troca é constante, terapeutas não chegam a ficar 4 meses na equipe, e novamente nada é feito! O descaso é total.. Acredito que o problema é uma soma, de convênios médicos e de clínicas, está cômodo para ambos que já estão com os bolsos cheios, enquanto nós terapeutas estamos adoecendo e consequentemente não nos dedicando com a qualidade como gostaríamos. Enquanto continuarmos nessa posição nada mudará! Que esse Insta seja o começo de movimento, de um passo para qur algo possa ser mudado em breve!

RELATO 14

"A sensação de insuficiência para buscar por novos rumos faz parte da minha rotina de pensamentos. Amo minha profissão, me sinto grata em saber que tenho o poder de fazer a diferença na vida dos pequenos e de suas famílias.Mas sabe aquele pensamento que sabota a gente?

Como terapeuta ABA sei que o contexto influência esse tipo de sensação, afinal, nada vem do nada. Mas não importa o quanto de curso façamos, livros que lemos, vídeos de professores, supervisão... Nada é o suficiente para se especializar e oferecer um atendimento digno.

Mas afinal, o motivo de tudo isso não ser o suficiente é o que? Falta de oportunidade, falta de estrutura adequada, falta de treinamento contínuo oferecido pela empresa com referências da área (afinal, sei que vários colegas estão com ótimas intenções, mas na maioria das vezes pegam gente sem experiência e jogam lá pra fazer atendimento em massa e não dão e nem exigem formação adequada e as terapias ABA ficam mal faladas não pela ciência em si mas pela falta de preparo profissional. Uma hora a conta chega! Mas isso são outros 500) remuneração baixa, jornada de trabalho extensa e muito mais.


Daí falam ""ah, mas sendo CNPJ/RPA você faz seu horário, tem sua autonomia pra de organizar"" MENTIRA!

Essa modalidade de trabalho só tira ainda mais nossos direitos e mascara o quão ridículo é nosso salário e tira o deles da reta pra não pagarem os descontos e deixar essa responsabilidade pra nós. Que além de tudo, temos que nos subter a passar 8 ou mais horas em salas minúsculas, sentados todos torto em cadeirinhas e quebrando a cabeça pra estruturar programas, manejar comportamentos e ainda tentar ser alegre pra reforçar a criança que está sendo atendida. Tudo isso por um salário que parece piada e não paga o estresse que temos.


Podem falar ""se tá ruim sai então"" sair e deixar isso acontecendo? Ser conivente com essa injustiça que as clínicas credenciadas fazem com as terapeutas e por consequência com a famílias que são atendidas? Fica aí o questionamento! "

RELATO 15

"Já trabalhei em algumas clínicas. Algumas um pouco melhores que as outras, mas sempre com muita sobrecarga. A quantidade de trabalho que se leva pra casa é absurda. Relatórios, planos de tratamento, pedidos de aumento e diminuição de terapias, justificativas variadas para os convênios. Em uma das que trabalhei que ainda é CLT não era diferente. Na verdade o assédio moral é ainda pior. Inúmeras reuniões e treinamentos fora do horário que não são contabilizados como hora extra e os terapeutas ainda tem que "agradecer" pela oportunidade. Quando pedi demissão, recebi um áudio da dona da clínica me esculachando, mesmo eu tendo cumprido todas as obrigações. Segundo ela, estava decepcionada pois eu demonstrei a minha insatisfação. Ela chegou a entrar em contato com a outra clínica para falar que não podiam me contratar pois eu tinha um compromisso com ela. Por pouco não levei adiante na justiça por assédio moral, mas é tudo tão falado entre os próprios donos da clínica que deu medo."

RELATO 16

"Existe uma clinica em curitiba que um dos três sócios, (***) é um assediador sexual descarado de terapeutas, não só pelo histórico de se relacionar com terapeutas, mas ele simplesmente dá em cima de todas as mulheres de forma nojenta nos despindo com os olhos, fazendo comentários desrespeitosos sobre nossos corpos, certa vez me mandou um audio no whatsapp tarde da noite convidando pra passar a noite com ele sem eu nunca ter dado a minima abertura, e eu fiquei em choque, quando contei a uma colega, soube que era uma pratica dele. E no outro dia estava lá a me olhar com olhar malicioso sem a minima vergonha do que tinha feito. Além de todas as adversidades que passamos, sofrer esse tipo de assédio devastador . Uma sensação de "" foi pra passar por isso que eu estudei e me dediquei tanto?"

RELATO 17

"Quando era recém formada trabalhei em uma clínica que não tinha a mínima estrutura e atendia pacientes adolescentes, as condições eram muito precárias e as condutas com os pacientes extremamente antiéticas.

A dona da clínica deixava claro que não sentia necessidade do serviço prestado por mim, mas contratava o terapeuta para manter os pacientes na clínica. Não consegui ficar nem por 2 meses e logo pedi para sair justificando ter encontrado outra oportunidade, ela logo pediu para que eu deixasse guias assinadas para não perder dinheiro, já que eu fiquei por muito pouco tempo. "


RELATO 18

"assim que me formei comecei a trabalhar em uma clinica pequena, não tão conhecida, mas com o mesmo sistema de convenio. O maior repasse eram absurdos 11 reais por atendimento. 11 REAIS. eu estava PAGANDO para trabalhar, literalmente. Cheguei no primeiro dia de trabalho e fui ""jogada"" para dentro da sala com a criança, ainda reclamaram que eu estava atrasada. Aguentei 3 meses nesse lugar, e quando pedi para me desligar, a dona da clínica ainda achou ruim, falou que eu nao tinha valorizado o fato dela estar aumentando a minha agenda. Sai de lá com sentimento de culpa. Eles fazem o que podem e o que não podem com a nossa saúde mental. "

RELATO 19

"Terapeutas cansados" é pouco para traduzir tudo que estamos sentindo, diante de tanta falta de respeito e consideração. Trabalhei por aproximadamente 1 ano e meio em uma clínica que me fez conhecer a minha pior versão pessoal e profissional. Entrei em um looping exaustivo de trabalho (11 horas a fio com 2 horas de almoço conquistadas com muito esforço)... cadeiras e mesas pequenas, onde nossa perna ficava encolhida o dia todo e nossa bunda mal cabia no assento, donos que nos chamavam de "mocinha" pelos corredores, agenda lotada com atendimentos germinados, profissionais atendendo juntas em um espaço que não deveria nem ser utilizado, regras, exigências, contratos favorecendo um único lado e com ctz não é o nosso! Te pressionam, te prometem e fazem com que vc acredite que você tem a melhor a condição de trabalho e que deve agradecer pela oportunidade de estar se destruindo aos poucos... Tudo isso e muito mais por apenas 36 reais. O descaso existe! E o que estão fazendo com nossa saúde física e mental, ainda vai custar muito caro."

RELATO 20

"Cansada de ser cobrada por entrega de relatórios, sendo que as vezes temos mais de 30 para fazer e não temos tempo para isso, muito menos tempo remunerado. Chegamos exaustas em casa, com tempo para comer, tomar banho e dormir, mas precisamos fazer o relatório para entregar dia X, e caso atrase a chefia fica brava, pq fomos avisadas com 1 mês de antecedência."

RELATO 21

"Logo que me formei em 2018 comecei a atender em uma clinica em que o proprietário foi meu professor na época da faculdade. La eram atendimentos de uma hora, qualquer público e o valor pago (quando era pago) era de 20 reais essa hora. Nao era fornecido o mínimo (como por exemplo papel higiênico no banheiro, folha sufite na recepção, salas com ventilação e anti ruidos). Ele sempre atrasava os pagamentos, alegava que as guias glosavam mas nunca falava de qual paciente era ou pagava retroativo. Ah, e ele queria que fizessemos avaliação psicológica com testes comprados por nós por 20 reais a sessão (sem contar o preparo técnico para aplicação desses testes). Pela insegurança de ficar desempregada fiquei 7 meses aturando isso. Nao ganhava nem para a gasolina e almoço por que la nao tinha cozinha. Sai de lá por que descobri que os outros profissionais ganhavam 24 reais a hora e quando confrontei ele disse que eu poderia me retirar se quisesse. Enfim... sai de la e fiquei um ano me tratando contra uma depressão.

RELATO 22

Em 2019 e 2020, trabalhei em uma clínica na região metropolitana de Curitiba onde atendíamos em salas sem janela, com infiltrações nas paredes, sem ventilação, e os atendimentos eram realizados em dupla, ou seja, duas crianças e dois terapeutas. Eu ainda era privilegiado em ter uma sala, mas algum colegas atendiam em uma parte da clínica onde apelidamos de “puxadinho”, onde não havia forro nem porta nas salas (na verdade divisórias apenas) Com o tempo desenvolvi problemas respiratórios, além do abuso psicológico que sofríamos da direção “técnica” da clínica, que na verdade só estava preocupada com dinheiro e nada mais. Com o passar do tempo, devido ao ambiente tóxico, desenvolvi burn out e estava com algumas característica de síndrome do pânico. Certa vez, tive uma crise de ansiedade, chorava muito e não tinha condições nenhuma de continuar a atender, a resposta da dona da clínica foi: “ e os pacientes vão ficar sem atendimento se você for embora? ”.

Sim, essa é a realidade se muitos lugares, graças a Deus me libertei! Hoje entendi o meu valor como profissional e não me submeto a esse tipo de relação, mas muitas vezes, no início não temos pra onde correr.”

RELATO 23

"Desde que comecei a trabalhar em clínicas por convênio sinto minha saúde mental indo pelo ralo. Trabalhar 12 horas por dia e ainda ter que estudar, fazer relatórios, reuniões com escolas ou outros terapeutas e ainda orientar os pais... Digamos que é impossível. Então o resultado disso tudo é o profissional não conseguir realizar o trabalho que gostaria e se frustrar, se cobrar e se sentir culpado por uma situação que foge do seu controle graças a esse sistema de clínica+convênio que visa apenas lucrar e que se exploda a qualidade do serviço prestado. Tenho tido crises de ansiedade devido ao grande número de atividades para lidar em um único dia, pois além dos atendimentos em si, tem muita demanda dos pais e cobranças dos mesmos, com toda razão, afinal estão pagando pelo serviço; porém não imaginam como são os bastidores e o quanto nos esforçamos para tentar oferecer um tratamento digno, deixando nossa saúde mental, momentos de lazer, folga e descanso de lado, levando trabalho para casa... se soubessem procurariam clínica particular. Outra coisa é que a empresa faz exigências como se fosse contrato CLT além de sempre expor profissionais em grupo de whatsapp e pagar pouco (30 por atendimento e dependendo do plano é bem menos que isso). Só não sei como nós podemos mudar essa realidade, já que nos sujeitamos a isso pela dificuldade no mercado de trabalho... Penso em desistir da profissão e jogar 7 anos de estudos e dedicação no lixo. Muito frustrante!!!!"

RELATO 24

"As pessoas muitas vezes falam para fazer denuncia, mas nós somos coagidos no trabalho a todo momento. Existe grupo no whatsapp com donos de clínicas, lá eles expõe profissionais que se posicionam ou que fazem qualquer coisa que ELES não concordam e assim a pessoa não consegue trabalho em nenhum outro lugar. Não tem conversa, não tem diálogo. Fazem você acreditar que estão te ajudando te oferecendo esse trabalho, que você é ingrato e não valoriza o que tem ou que nao da conta do trabalho. Porque estar no ambiente de trabalho quase 10 horas sem descanso, todos os dias, passando por humilhações, em um ambiente sem ventilação durante a pandemia e sofrendo ameaças e reclamar de qualquer coisa, é ingratidão."

RELATO 25

"SOBRE DENUNCIAR DONOS DE CLINICA: Trabalhei em uma clinica grande e atualmente bem renomeada em Curitiba, (***). A dona da clinica costumava se gabar que tinham um grupo com todos os donos de clinica e quem "pisasse na bola com ela" não arrumaria emprego em nenhum lugar mais! E assim ela sempre se gabava e coagia nós terapeutas. Ela no dia a dia. gritava, batia na mesa, era desrespeitosa, preconceituosa, entre outros. Tudo isso pagando mixaria de 22 reais por atendimento! No estopim da falta de ética e de respeito ao sair da clinica por aceitar mais as humilhações daquele lugar ela deixou claro que eu não arrumaria mais trabalho! Assim ela se gabava para as minha colegas que acabaria comigo. Até iniciei em uma Clinica em (***), mas logo me mandaram em bora sem nenhuma explicação, e lá esta a ela ... Me usando como exemplo pra amedrontar as outras. Contando que fui mandada embora a pedida dela! E assim foi...portas fechas em muitos lugares. Eu consegui um trabalho mais tarde em outra clinica, e mais uma vez ela foi atrás de mim pedir minha cabeça! Só que dessa vez uma amiga que na época era gestora, me contou que ela fez a tal ligação! E eu procurei os donos da clinica na época que confirmaram tudo. Bom, na época eu tentei entrar com um processo e um dos sócios da clinica que eu estava trabalhando até prometeu ser minha testemunha. Mas no mes da audiência ele deu pra trás, obviamente que eles se protegem! Ele me disse na época que sua colega dona de clinica ameaçou ele, que mandou a própria advogada entrar em contato com ele ameaçando processa-lo por danos morais caso ele me ajudasse! Resumindo, os donos de Clinica se protegem e até hoje o meu nome é conhecido e portas fechadas pra mim , com uma família pra sustentar, tendo o meu ganha pão prejudicado pelo simples capricho de uma senhora rica, por não ter aceitado ser humilhada e te denunciado e levantado a minha voz!!!"


RELATO 26

"Ainda trabalho em uma clínica em outra cidade… atendo mais de 18 pacientes por dia, com uma hora de almoço, ganhando metade do valor do plano de saúde, pois a clínica fica com a outra metade… as vezes acabo pagando para trabalhar. Materiais sucateados, relatórios e orientações fora do horário de trabalho e sem poder cobrar por isso. Já na parte da manhã me sinto esgotada, depois de atender 8 pacientes. E isso vai até a noite. Não consigo atender e me dedicar aos pacientes como gostaria, me especializo mas não adianta, pois estou muito cansada para colocar em prática."

RELATO 27

"No início da pandemia, uma clinica, (***), comunicaram aos terapeutas de forma ríspida que deveríamos comprar um jaleco até o fim do mês APENAS com a costureira que eles escolheram, onde o valor seria descontado dos atendimentos ou quem não aderisse, teria seus atendimentos suspensos. Nós não aceitamos pois é dever da clinica fornecer o EPI, nos organizamos pra conversar sobre isso, e foi então que a direção chamou em sua sala 1 a 1 isoladamente, coagindo, amedrontando, onde um dos sócios, o mesmo senhor ja acostumado a realizar assédio de outra natureza com as terapeutas ,dessa vez partiu para o assédio moral, onde se levanta gritando, chutando a cadeira a minha frente gritando e xingando palavras de baixo calão, onde fiquei assustada mal conseguia falar, foi surreal."

RELATO 28

"Trabalhei em uma clínica por um tempo, a proposta inicial era ótima, trabalho transdisciplinar, equipe engajada e unida, no inicio uma coordenação motivada e animadora...q não durou 3 meses, perdi as contas de qtos atendimentos perdi com glosa da operadora, chefia em cima por ""medo"" de roubarmos os brinquedos, cameras em cada buraco da clínica e horários exaustivos, sem contar varias falcatruas tecnicas de ABA sem supervisão ou prometer tecnica aos pais e na hora do profissional nem tr a formação pra isso, ambiente foi se tornando hostil ate que me libertei para sempre!


Profissionais novos NAO SE SUBMETAM A ISSO e Pais procurem profissionais realmente capacitados, o desenvolvimento do seu filho nao tem preço, eles nao tem mais tempo a perder.


Muitas clinicas estao negligenciando seus filhos em ambientes coloridos e ""fofinhos"" não adianta ampliar o ambiente só pra ter mais espaço para a toxidade"

RELATO 29

"Meu relato é um trecho de tantas coisas inadequadas vivenciadas nestes locais. Trabalhei em uma clínica onde tivemos que trabalhar por dois dias SEM LUZ devido uma tempestade. Caiu uma árvore na frente da clínica e não foram capaz de cancelar os atendimentos até a copel resolver o problema. Não podíamos ter armários e muitos materiais nas salas pq tudo tinha que ser PADRÃO. Durante a pandemia tivemos que usar plásticos como ""EPI de proteção"" para a clínica ganhar certificação de selo de segurança contra o COVID. Usavam os certificados das terapeutas com mais tempo de formação para comprovar ao convênio os métodos exigidos para a guia dos atendimentos, sendo que o restante da equipe era inexperiente. Quando os terapeutas faltavam não contavam aos pais e recebiam a criança na recepção e deixavam com alguém para ""fingir"" que estava sendo atendida. "

RELATO 30

"O assédio moral e a cotação não param! Hoje a dona da clinica que trabalho reuniu todos que seguiram a página, nos ameaçou e nos desacatou, alem de falar que não eramos profissionais e n ao tinhamos postura, falou que os donos de clinica estavam de olha em cada um que curtia as postagens e seguiam a pagina, e providencias seriam tomadas, eu amo trabalhar com Pédia, mas hoje sinceramente nem eu consigo me manter em pé!"

RELATO 31

"Eu comecei a trabalhar de forma autônoma em uma clínica em 2017, a clínica não tinha credenciamento com planos. Era um lugar simples, muito humano, com uma remuneração salarial justa, tinhamos ótimos profissionais e as crianças e famílias eram tratadas com muito respeito. Eu amava minha profissão, ser terapeuta infantil sempre foi minha escolha, sempre estudei muito pra isso, fiz diversas formações importantes para realizar um atendimento de excelência. Em meados de 2019 iniciaram os credenciamentos de algumas clínicas da cidade de Curitiba - PR, os administradores do local onde eu trabalhava, ficaram bastante preocupados, alguns pacientes foram retirados da clínica pelo plano de saúde e  encaminhados para clínicas credenciadas ( perdendo vínculo terapêutico e direito de escolha). Não levou muito tempo a clínica onde eu estava foi credenciada! Em nem um momento foi discutido valores com os terapeutas, a proposta feita pelo plano foi aceita e imposta. Em 1 mês o valor do meu atendimento foi diminuído pela metade, imagine em 1 mês o seu salário ser REDUZIDO em 50%. Comecei atender 12 horas por dia para manter minha estabilidade financeira, as cobranças aumentaram, relatórios não remunerados, planos terapêutico não remunerados, devolutivas não remunerados, reuniões não remuneradas (até à meia noite), cobranças de formações que custam 5 mil, 10 mil, 15 mil, terapeutas ganham R$30,00, glossas de atendimentos realizados, interferências do plano de saúde na conduta do terapeuta. Não temos INSS, não temos plano de carreira, não temos férias remunerada, não temos décimo terceiro, no caso de doença não temos nenhum auxílio. Nós terapeutas começamos a discutir propostas de melhorias, possibilidades de plano de carreira. Foram várias tentativas. Tudo negado pela clínica!Terapeutas saíram, terapeutas adoeceram, ficaram agressivos, terapeutas perderam a saúde mental, terapeutas têm crise de choro durante o atendimento do paciente, terapeutas tomam medicamentos antidepressivos, terapeutas abandonam o atendimentos, terapeutas esqueceram técnicas  de atendimento devido a exaustão,  terapeutas perderam o amor pela profissão, terapeutas estão exaustos, terapeutas abandonaram a profissão, por não estar dando conta... e o mais cruel nisso, esses terapeutas estão fazendo o melhor que pode para atender CRIANÇAS. Relatos de uma terapeuta que adoeceu. Foi diagnosticado com depressão profunda,  perdeu o amor na profissão e na vida."

RELATO 32

"Trabalhei por 2 anos e meio em uma clínica por regime CLT, por todo esse tempo não foi depositado o valor referente ao FGTS e, durante a pandemia, vários terapeutas foram mandados embora com o pedido de ""parceria"" para que o FGTS fosse pago parcelado. Nunca foi pago nada e tivemos que entrar com ação judicial para receber o que é nosso por direito.

Detalhe: a proprietária da clinica realizou várias reformas e compra de recursos terapêuticos caros, abriu uma nova empresa mas tem a cara de pau de dever dinheiro para várias pessoas."

RELATO 33

"Trabalhei em uma clínica(***).

Os atendimentos eram de 40 minutos, com 5 minutos de intervalo. Atendimento individual ou grupo de crianças e adolescentes.

Era obrigatório fazer relatório de TODOS os atendimentos. Em 16 horas de trabalho eu atendia mais de 30 pacientes. Tempo para fazer os relatórios dos 30 pacientes era de apenas mei hora por semana.

Reunião aos domingos para supervisão dos casos, onde a dona da clínica mais humilhava as profissionais do que ajudava. E ainda assinavamos um termo que estamos lá de forma voluntária.

Relação inter pessoal com os demais profissionais era proibido, pois a dona não queria amizades entre os profissionais.

Grupo de whats onde chegava mensagem a qualquer dia e horário.

Muitas vezes tive meu trabalho, minhas ações e até minh vida particular questionada pela dona da clínica.


Eu não conheci NENHUM profissional que gostava de trabalhar lá. Estavam por pura necessidade. E o salário era muito abaixo do esperado."

RELATO 34

"Fico feliz e ao mesmo tempo triste de saber que mais profissionais passaram por situações parecidas, porém é claro que eles contratam como PJ trabalhando como CLT, não pode faltar por problemas de saúde, fechar a agenda, ou colocar a sua opinião sobre o que acontece no ambiente de trabalho.O assédio moral entre superiores e donos da clínica é frustrante. Trabalhei quase um ano em uma clínica com renome na cidade de Curitiba, se eu soubesse que seria da forma como fui recebida e tratada não teria entrado, sai de lá exausta, desanimada. Sinto muito pelas pessoas que seguem nessa mesma clínica, pois acredito que o ambiente e forma de tratamento com profissionais não muda. Nós somos apenas mais um. Não importa o quanto estudou o quanto fica cansada ao final do dia, seu trabalho nunca é reconhecido, feedbacks positivos não chegam de superiores, apenas negativos."

RELATO 35

"Uma clínica de renome em Curitiba, com mais de uma unidade - a clínica diz que você é pj, mas você na verdade trabalha como CLT, mas infelizmente não tem os mesmos ""benefícios"". O trabalho é exaustivo, o repasse é pouco em comparação com o valor pago pelo plano de saúde a clínica. Não recebemos mais que 30 reais, sendo que o plano paga para a clínica aproximadamente 110 reais ou mais para algumas terapias! Assim é fácil crescer, ter várias sedes para custear tudo isso: pagando pouco e não valorizando os profissionais, sobra dinheiro para investir, e não porque a clínica realmente é uma excelência em tratamento. "

RELATO 36

"Desde quando me formei trabalhei na area de neuropediatria. Comecei em escolas e fui para as clinicas.

Na escola ganhavamos pouco, muitas vezes nao temos materiais para trabalhar mas nada se compara com o que passamos trabalhando para as clinicas.

Assim como as minhas colegas, minha experiencia em clinicas foi exaustiva.

Cheguei ao ponto de ir dormir chorando por saber que eu precisava ir trabalhar no dia seguinte. Li um relato com o qual me identifiquei muito sobre nao ser incomum terapeutas terminarem um atendimento chorando e ter que logo iniciar outro, sem ao menos dar um tempo para digerir o que aconteceu no atendimento anterior.

Lembro que isso foi algo que me esgotava emocionalmente.

Nao somente isso, é claro. Aquilo de semrpe estava presente: agendas lotadas, relatorios, parecer terapeuticos, justificativas para isso e aquilo, falta de tempo para sentar e tomar uma agua, pais abusivos...

Obviamente esse esgotamente chegou e começou a afetar minha produtividade no trabalho. Eu conversei com a ""supervisora"" ( que servia apenas pra reparar se estavamos trabalhando direito né ) para fazer supervisao já que eu tbm sabia que nao estava rendendo nos meus atendimentos, além de ter tido uma resposta negativa, dias depois me chamaram para uma reuniao. Eu, a supervisora e os donos da clinica. Numa sala de 1x1, os 3 questionaram diversas vezes a minha conduta terapeutica, que eu sei que nao estava boa devido a minha exaustão emocional (eu nao estava mais sentindo prazer com o meu trabalho). Porem o tom da reuniao nao foi nenhum pouco acolhedor como deveria ter sido, como eu precisava naquele momento... e sim de cobrança e coação. Acredito, inclusive, que foi a situação onde me senti mais coagida na minha vida.Lembro tbm que a dona da clinica disse que aquilo nao era pra mim pq eu nao gostava do que eu fazia. E eu nao estava mais gostando mesmo, e acabei achando que ela tinha razão até hoje, quando li esses relatos. Sera q eu nao gostava mesmo do meu trabalho ou estava apenas exausta de passar por tanto desrespeito vindo tanto da clinica quanto dos pais?

Hoje nao trabalho mais na area de neuropediatria e me sinto muito realizada no que faço atualmente. Por um lado me sinto aliviada de ter saído desse meio tão toxico, e por outro fico muito entristecida de saber que tantos colegas continuam sofrendo com o mesmo que sofri.

Todo meu respeito e admiração por cada um de vcs que tentam fazer o seu melhor mesmo com tanta dificuldade e falta de respeito!"


RELATO 37

"Teve uma clínica que eu trabalhava das 8h às 19h. Era uma rotina extremamente desgastante. Atendia muitas crianças com hetero agressão em um só dia e se questionávamos isso para a gerência, solicitando espaçamento na agenda ou tentando adequar de uma maneira mais acessível, recebíamos um NÃO na hora. Somos autônomos e temos cobranças de CLT. Não podemos escolher nossos horários de trabalho, não podemos reduzir nossa jornada, temos que trabalhar um ou os dois períodos por inteiro para não atrapalhar a rotina da clínica, e se solicitarmos um ou dois turnos de folga para tentar viver fora do trabalho, não conseguimos. Não temos férias e se quisermos tirar dias para descanso, somos obrigados a colocar um terapeuta substituto no nosso lugar, não temos 13º e a verdade é que não temos direito algum. Quando os pacientes faltam na sessão, ficamos muitas vezes, horas sem trabalhar e consequentemente sem receber (pois não recebemos as faltas dos pacientes), mas temos que ficar na clínica porque não compensa voltar para a casa por uma questão financeira e muitas vezes não conseguimos fazer nada pessoal, já que ficam demandando de nós e não podemos ficar na própria sala, visto que outros terapeutas podem precisar utilizar ela. Após nossa jornada física na clínica, ao chegar no nosso domicílio, somos obrigados a participar de supervisões, reuniões, realizar relatórios, PTS, responder uma infinidade de grupos dos pacientes, conversar com os pais e nos exigem cursos de aperfeiçoamento a todo instante. Já entrei na sala da gerência algumas vezes e ouvi a dona e as coordenadoras falando mal de terapeutas, debochando sem dó nenhuma. Já ouvi coordenadoras gritarem e assediarem terapeutas e quando qualquer terapeuta pontuava sobre, a perseguição aumentava. Isso é constante e incessante. Um descaso total. Estou pensando em deixar essa área, pois está cada dia pior."

RELATO 38

"É muito triste olhar a situação dos terapeutas hoje. Virou um sistema extremamente capitalista, onde o empregador ganha muito mais que o empregado. E tudo bem, é assim que é o capitalismo, porém na área de terapias isso não deveria existir. Não precisamos de uma terceira pessoa, não precisamos de alguém pra mediar terapeuta e paciente. Nós somos a mão de obra, nós que fazemos tudo! Esse sistema de pagar pouco é justamente para que não consigamos abrir nosso próprio espaço, e pra que eles encham o bolso de dinheiro. E o que me da nojo é que na maioria dos casos os donos das clínicas são terapeutas também, ou melhor, foram né, pq agora são empresários ricos as custas de seus colegas de profissão. Só queremos trabalhar e ganhar o justo, a questão não é ficarmos ricos, até pq sabemos que na nossa área isso é bem difícil, só queremos ganhar o que merecemos, conquistarmos o que queremos, e proporcionar qualidade de atendimento pros nossos pacientes. SÓ ISSO! "

RELATO 39

"Eu acho até hilário que tem donos de clínicas que pagam um pouco mais de 30 reais por atendimento pro terapeuta falando que paga bem, só porque tem lugar que paga um pouco menos. Uma clínica pagar absurdamente 22 reais, não significa que quem está pagando 30 pague bem, significa que ambas as clínicas pagam muito pouco pro profissional. Já escutei de donx de clínica falando que paga melhor que clínica tal e clínica tal, aí vai ver: 5 reais de diferença, é mais? É, mas continua sendo menos do que os terapeutas merecem. Ah, detalhe, eles adoram se esconder atrás do plano de saúde, é sempre culpa do plano, “porque o plano que paga pouco”, mas e eles fazem o que? Por acaso eles questionam os planos, eles lutam contra valores absurdamente baixos? Não né, porque pra eles tá bom, ganhando mais da metade que o plano paga fazendo nem 1/4 que os terapeutas fazem. "

RELATO 40

"Desde antes de me formar trabalho na área de neuropediatria, iniciei estágio em uma clínica famosa e foi pedido que assim que eu me formasse iniciar os atendimentos que a minha carteira seria assinada.

Me formei e em seguida iniciei o trabalho passaram alguns meses sempre tendo reuniões extremamente abusivas onde os profissionais eram humilhados e xingados sendo acusados de incompetência mensagens agressivas em grupos da WhatsApp, fora de hora e relatórios intermináveis.

Algumas vezes a coordenação me chamava e me coagiam para assinar e carimbar guias de atendimento que eu não tinha realizado

Sempre a dona da clínica fazia "brincadeiras" com a minha vida pessoal e escolha religiosa

Eu tinha medo de sair da sala pois a dona vivia vigiando as câmeras segundo ela sumia brinquedos que as pessoas viviam passeando pelos corredores ao invés de trabalhar

As coisas foram piorando e acabei não aguento e pedindo para sair após oito meses me agarrando uma vaga qualquer e assim descobri que a minha carteira nuca foi assinada"

RELATO 41

"Tenho um relato sobre uma clínica (***) que quase me levou a pedir demissão e desistir da minha carreira (pedir baixa no conselho, como é a brincadeira de vários terapeutas que estão exaustos). Em uma sexta feira de muito trabalho, até às 18 horas, último paciente sendo dispensado, pois não tinha condições físicas para o atendimento (necessidades fisiológicas), fui humilhada pois entreguei o paciente depois de ter conversado com a responsável, pois não era o horário de dispensar e o atendimento iria ser glosado perante o plano.

Após, não contente a dona da clínica pediu que na segunda feira fizéssemos uma reunião, pois a mãe havia enviado uma mensagem e ela gostaria de conversar comigo. Perante tais acusações da Dona da clínica que me deixaram em prantos, pedi para não prestar mais atendimentos aquele paciente, onde a resposta que recebi foi: "você está aqui para trabalhar e não escolhe paciente", ou seja mais uma mão de obra e eu não poderia ter o direito de me defender das acusações da Dona, então eu como terapeuta e cabeça dura que sou pedi 15 dias para organização e para me dispensarem da CLT, sai da reunião acabada, triste, questionando o que eu fazia sem consultório.

Logo depois a Dona da clínica vendo o prejuízo financeiro que seria me dispensar, me jogou um post-it, pedindo pra eu ver quais terapeutas trocariam de horário comigo. Além de desrespeito ao terapeuta e ao paciente, me senti péssima como ser humano, pois ser acusado dentro da sua profissão e dentro do direitos/deveres dos conselhos está claro que qualquer área de violência contra o profissional deve ser respondido processo administrativo."

RELATO 42

"Tudo na vida é experiência e neste caso é de como NÃO agir! Trabalhei em uma clínica onde não era permitido dar alta para os pacientes, mesmo que eles ja tivessem alcançado todos os objetivos propostos... era dito para que fizéssemos uma reavaliação e para que a gente ""criasse"" uma nova demanda para que os atendimentos continuassem. O mesmo local, solicitou mais de uma vez que eu fizesse evoluções de atendimentos que eu não havia realizado... por fim, passavam 2 sessões ao invés de uma na hora das liberações e isso não foi eu que vi... foi uma mãe que desconfiou que as liberações acabavam muito rápido e começou a anotar cada sessão... assim fica fácil crescer! Vc vende um serviço que não realiza, promete mil coisas aos pais, mas a vdd é que estamos todos sendo enganados e virando reféns deste sistema sujo."

RELATO 43

"É exautivo passar horas e horas a mercê de situações que nos fazem chegar a se questionar sobre nosso próprio trabalho, a cobrança excessiva e a exposição ao ridículo se não nos ""adequamos"" aos padrões que eles consideram adequado, se não fazemos tudo dentro da linha deles. Quando chegamos no limite e quando estamos esgotados a ponto de afetar nossa produtividade, somos descartados como se fôssemos nada, com descaso, sem justificativa coerente, sem qualquer apoio para evitar que isso aconteça. Utilizam do discurso da importância dos terapeutas, que todos são uma equipe e que se ajudam, mas no primeiro sinal de descontentamento, somos descartados. "

RELATO 44

"Uma clínica não muito conhecida no centro de Curitiba oferece 10 reais o atendimento, na contratação falam que pode ganhar até X valor, mas nunca entra paciente novo na agenda e não pagam o terapeuta colocando a culpa no plano de saúde."

RELATO 45

"Trabalhei em uma clínica bem conhecida em Curitiba no início de 2019, quando comecei eram árduos 12 atendimentos dia, pois do contrário eu não seria contratada. Quando pedi para reduzir para 10 atendimentos pq eu chegava muito tarde tarde casa, não deram importância. Mas como nem tudo é o caos, as meninas da recepção intercederam por mim, falaram com os donos e reduziram minha carga horária. No início desse ano, pedi um dia todo para fechar a agenda, pois eu não estava dando conta das demandas da clinica (relatórios, planos, devolutiva, atendimento online da própria clinica) e esse dia seria para isso, e olha só... não me deixaram, eu como autônoma, não tinha a menor autonomia. Pedi redução então de um período, fui vista como a pior pessoa do mundo, tiveram a cara de pau de dizer que eu estava fazendo descaso com o local que me abriu as portas. Tempos depois soube que a dona da clinica e uma das coordenadoras falavam de mim para meus colegas de trabalho, fazendo deboche de onde talvez eu poderia ir trabalhar, como se ali fosse o melhor lugar do mundo pra atender. Ah, tudo isso sem contar com situações de deboche e descaso por eu morar longe, a perseguição e falta de respeito."

RELATO 46

"Só um desabafo, espero que assim como os tantos outros relatos mais gente possa se identificar.

Tenho planos de futuramente me livrar desse sistema abusivo dos planos de saúde e começar a atender particular. Meu receio é não conseguir clientes pois infelizmente é mais barato para eles recorrerem aos planos de saúde.

Queria tanto, tanto mesmo, que tivéssemos forças e coragem para nos reunirmos e buscarmos uma solução. Mostrar que mais vale pagar mais por um atendimento que é planejado com carinho e cuidado do que pagar menos para ter atendimento em ambientes insalubres com profissionais (nós) esgotados fisicamente e mentalmente.

É antiético chegar e falar isso para as famílias mas é ainda mais antiético o que esse sistema de ""saúde"" das clínicas multidisciplinares estão fazendo com profissionais e famílias.

É um beco sem saída, amigxs? "

RELATO 47

"meu relato é para os pais: fiquem atentos a qualidade de atendimento que a clínica oferece. Infelizmente não é nada comparado aos atendimentos particulares. Os terapeutas estão cansados, esgotados. Tentam incansavelmente dar o seu melhor, mas muitas vezes é impossível. Os programas não sao individualizados, o programa da sua criança é o mesmo que o de outras 5. Por isso as evoluções demoram a acontecer e muitas vezes nem acontecem. E a culpa cai em cima dos terapeutas, claro. ABA só papel mesmo..."

RELATO 48

"Falam tanto de atendimento humanizado, porém na vida real sabemos que não é assim que funciona.

O financeiro tem mais peso que a humanização!

A imagem tem mais peso que a qualidade!


Chega, não devemos estar subordinados a isso! Vamos juntos combater tudo isso!"

RELATO 49

"Trabalhava CLT em uma clínica, com uma agenda fixa de pacientes, mas precisava assinar a guia de muitos pacientes que eu não atendia porque eles precisavam de TO mas eram encaminhados para outros profissionais que não eram cobertos pelo plano de saúde. Quando me neguei a assinar, fui coagida, ameaçada e a chefe ficou uma semana de picuinha sem falar comigo. "

RELATO 50

"Trabalhei em uma clínica famosa em Curitiba com contrato de 30h mas obrigatoriedade de 44h. Se eu saísse mais cedo, era descontado hora de trabalho em vez de só não receber hora extra."

RELATO 51

"Estou adoecendo não só psicologicamente pela longa jornada de trabalho, mas também fisicamente por não conseguir ir ao banheiro e tomar água"


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  RELATO 1: "Trabalho em uma clínica com plano de saúde em Curitiba, com carga horária de 40 horas semanais. Os atendimentos não passam...