"Acreditar em algo
não faz com
 que esse algo seja verdadeiro."
 - Carl Sagan.
Toda jornada se inicia com um bombardeio de informações, porém, à medida que prossegue ou é deixada de lado, o estoque de conhecimento diminui e estabiliza, o conhecimento é uma atividade constante e mutante e o que se concebe como verdade hoje, pode não sê-lo amanhã.
Para os leigos, acreditar que alguém possua conhecimento desejado é natural, mas pode levar a perceber esse conhecimento como inacessível e inalcançável (efeito contraste). FULANA é uma psicóloga com mais de 100 mil seguidores e dona de uma didática excelente, autointitulada como “Rainha da PBE no Brasil” ou “Mãe” (referência provavelmente vinda de Ivete Sangalo), cujo apelido se deve à forma carinhosa com que trata seus seguidores e pela contestação de algumas linhas da psicologia, embora tenha custado um preço caro.
Apesar de FULANA elevar o nome da PBE, alcançar diversos públicos e revolucionar carreiras com cursos atualizados, detalhados e densos, sempre houve questionamentos em relação a algumas de suas atitudes. Afinal, sua tocha de conhecimento é a única que ilumina a caverna? O que a torna tão especial para que sua tocha seja a única a iluminar de verdade? Se a tocha dela é tão eficaz, por que ela usurpa indicações de leituras/ conteúdos específicos/roteiros inteiros de aula já postados por outros profissionais relevantes, sem dar o devido crédito? 
A verdade é que FULANA é bem-sucedida como influencer em um país com pouca capacidade de pensar criticamente. Muitos de seus vídeos (promocionais) cinicamente chamados de aula grátis, possuem distorções sobre a psicologia baseada em evidências, destaca-a como uma ferramenta mais potente “do que remédios” (milagrosa), e sobre o alto padrão de vida que aqueles que fazem seus cursos terão, colocando a PBE como um produto escasso no qual SÓ ela ensina segredos de sucesso passo a passo como mágica!
Embora não seja a única a deixar a ética de lado e colocar pequenas mentiras em seu discurso, FULANA talvez não seja culpada, muito menos uma picareta. Talvez o problema seja a falta de pensamento crítico no Brasil, que nos impede de analisar todos os profissionais que dão cursos e perceber quais priorizam o desenvolvimento da nossa autonomia racional e quais oferecem fórmulas mágicas.
Em outras palavras, embora FULANA tenha uma grande base de conhecimento e didática, suas práticas de marketing de guerrilha e distorções (acidentais, talvez) no que diz respeito a Psicologia Baseada em Evidências são questionáveis. É importante que os indivíduos desenvolvam um pensamento crítico para avaliar as informações que recebem e as fontes de onde elas vêm. Além disso, é fundamental que os profissionais que oferecem cursos e informações sejam éticos e transparentes em seu discurso, dando crédito a outras fontes relevantes e evitando promessas irreais tais como FULANA.
Como sociedade, devemos ser críticos em relação aos influenciadores e formadores de opinião, especialmente no que diz respeito a áreas tão importantes quanto a psicologia. Em simultâneo, devemos reconhecer aqueles que trabalham com ética e comprometimento em compartilhar seu conhecimento e ajudar os outros a crescer. A saga do conhecimento é contínua e só pode ser percorrida com honestidade, humildade e responsabilidade.
Esse texto não avalia Fulana, porém se propõe a refletir sobre a falta de honestidade de tantos.

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