Ao refletir sobre a lamentação do "não" ao diálogo em nossos tempos, me deparo com a triste constatação de que o debate de ideias muitas vezes se torna uma batalha de monólogos carnívoros, na qual os argumentos são usados não para conduzir a um entendimento comum, mas para reforçar crenças e pontos de vista já estabelecidos.
Isso é especialmente evidente no campo da psicologia, onde a psicanálise e a psicologia baseada em evidências muitas vezes são vistas como polarizadas e conflitantes. Como adepto da psicologia baseada em evidências, entendo a importância da validação empírica e do rigor científico em nossa prática, mas também reconheço que a abordagem psicanalítica tem uma riqueza teórica e clínica que não pode ser descartada tão fácil.
O psicanalista ( que afirmava nao ser psicanalista) Carl Jung uma vez disse: "A psicologia não pode ser baseada em suposições nem em especulações, mas deve ser uma ciência baseada em fatos verificáveis". De fato, a psicanálise pode ser vista como uma tentativa de compreender os fenômenos psicológicos através de uma observação cuidadosa e uma análise profunda da experiência subjetiva do indivíduo. Por outro lado, a psicologia baseada em evidências busca validade empírica através de estudos controlados e rigorosos, a fim de estabelecer teorias e tratamentos eficazes.
Mas será que essas abordagens realmente se excluem mutuamente? Não seria possível encontrar uma interseção entre as duas, que permita uma compreensão mais completa do fenômeno psicológico? Ao criar um diálogo aberto e honesto entre as abordagens, podemos descobrir novas possibilidades ? Sinceramente? Não acredito que exista a possibilidade da psicanálise render algo, mas acho que minha opinião não serve de nada antes de tentar de tudo.
Infelizmente, esse tipo de diálogo (tão cheio de mágoas) muitas vezes é evitado em favor de um posicionamento ideológico rígido (mútuo) . Ao me deparar com comentários estruturados de profunda ignorância e desconhecimento, resolvi tentar dialogar e trazer argumentos neutros, sem tentar magoar ou ser autoritário. No entanto, muitas vezes isso parece piorar a situação, como gasolina no fogo, levando algumas pessoas a perderem o controle e criarem ofensas desnecessárias e desproporcionais.
Ainda assim, acredito que o diálogo é essencial. Como disse o escritor e filósofo alemão Johann Wolfgang von Goethe: "Todas as grandes verdades começam como blasfêmias". Devemos estar dispostos a questionar nossas próprias crenças e ouvir o que os outros têm a dizer, para que possamos avançar em direção a um entendimento mais amplo e inclusivo. Eu me questiono a todo instante, só assim a verdade seguirá se atualizando dentro de mim.
Acredito que a chave para um diálogo frutífero é a abertura e a humildade. Como disse o psicólogo social Jonathan Haidt: "A verdadeira sabedoria vem ao reconhecer o quão pouco sabemos". Devemos estar dispostos a aprender com as abordagens diferentes da nossa, até que se seja provado, no final vemos isso como um jogo de acertos erros.
Porém, o que me preocupa é o fato de que muitas pessoas não estão dispostas a dialogar e considerar pontos de vista diferentes dos seus. A polarização se tornou uma epidemia em nossa sociedade, e parece que as pessoas se fecham em suas próprias bolhas, recusando-se a considerar outras perspectivas.
Acredito que precisamos repensar como abordagem mais aberta e colaborativa à psicologia, que nos permita explorar todas as abordagens disponíveis e escutar, escutar e escutar. O diálogo é fundamental para isso, e precisamos estar dispostos a considerar perspectivas diferentes e a evoluir nossa compreensão da mente humana à medida que aprendemos.
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